Refugiados...

... tem-me custado muito ver as notícias sobre as pessoas que fogem de cenários de guerra e que estão a tentar, a todo o custo, entrar na Europa. Mexem comigo, fico sempre com um nó no estômago, principalmente porque envolvem famílias inteiras, com crianças... Todos os dias leio sobre o assunto, porque embora me custe, sinto-me obrigada a acompanhar (pelo menos isso) esta desgraça de proporções horrorosas.
Mas a imagem de ontem e o video que acabei por ver hoje, dos dois pequenos rapazes sírios, de apenas 3 e 5 anos, afogados numa praia turca quando tentavam passar o Mediterrâneo para chegar à Grécia, mexeu comigo ao ponto de ter ficado dormente.
Vi o video e as lágrimas vieram-me aos olhos, mas estava no trabalho e, por isso, tive que as engolir. Fui para o laboratório trabalhar e tentar esquecer aquelas imagens, mas não consegui. Fui à casa de banho e chorei, chorei muito. Confesso que inicialmente me senti estúpida por me ter deixado afetar desta maneira, mas depois pensei: "Choro com livros, com filmes... com situações ficcionadas. Esta é real é é, sem dúvida, o video mais triste que vi nos últimos tempos, tenho mesmo, mesmo que chorar". E chorei mais um bocado.
Quando me perguntam o que tenho hoje, porque é que estou tão calada, não tenho vergonha de admitir: estou triste por aqueles meninos que perderam a vida, por aqueles pais que procuravam dar-lhes uma vida melhor, que os vestiram de manhã com amor e muita preocupação... Estou triste porque a Europa, sempre cheia de ideiais, se estar a mostrar tão vazia, tão perdida e tão incapaz de ajudar os que dela precisam. Estou triste e sinto-me impotente com tanta tristeza e desgraça...
Só rezo para que um dia não nos toque a nós...