15/03/2011

A chegada do nosso Rúben

Estive internada no Hopsital Particular do Algarve de dia 18 a dia 21/02/2011. Saí de lá directamente para o Hospital de Faro, porque o meu obstetra ficou preocupado com o encurtamento do meu colo de útero: diminuiu para 21 mm mesmo tendo eu descansado e quase não tivesse saído da cama...
Na transferência entre hospitais fui de carro com o Ricardo e quando dei entrada nas urgências, com a carta do meu obstetra a explicar as razões pelas quais solicitava o internamento, o médico que me atendeu deu a entender que seria uma estadia curta já que o que eu precisava era só de descanso... Fiquei internada até dia 08/03/2011 (15 dias) e só não fiquei mais tempo porque o meu colo do útero incompetente (é este o termo médico, é verdade!) não conseguiu aguentar mais o Rúben.
No 5º dia de internamento introduziram-me um anel de sustentação que me permitiu manter o Rúben mais 10 dias. Eu tinha a esperança de conseguir tê-lo comigo até às 28 ou 30 semanas, mas não foi possível. Mesmo com descanso total, na noite de dia 08/03, depois de ter esvaziado a minha bexiga na arrastadeira, continuei a perder líquido. Chamei a enfermeira e esta por sua vez chamou a obstetra de serviço (Dr.ª Oriana) e, após alguns exames, ficou claro aquilo que as três já sabíamos: tratava-se de líquido amniótico. Logo a seguir comecei a sentir contracções de 3 em 3 minutos, que aumentaram de intensidade a uma velocidade impressionante. A médica ainda tentou esperar para ver se as contracções diminuíam (até porque eu estava a fazer desde essa tarde medicação para as prevenir), mas como tal não aconteceu, ela teve necessidade de retirar o anel. Eu entretanto liguei ao Ricardo para ele ficar de prevenção, já que não me sabiam dizer se o Rúben ia ou não nascer naquela noite.
Quando o anel saiu a obstetra verificou que eu já tinha a dilatação completa e que tinha que ir rápida e suavemente para o bloco de partos. A caminho liguei ao Ricardo para lhe dizer que o rapaz ia nascer a qualquer instante, que ele não ia ter tempo de chegar para participar e, por isso, que viesse com calma para o hospital.
O parto foi muito rápido: puxei 4 vezes e o Rúben nasceu. Enquanto cortavam o cordão umbilical pousaram-no no meu colo... ele é tão pequenino e tão lindo! Com 26 semanas e 4 dias de gestação, 1080 g de peso, foi directamente para os Cuidados Intensivos de Neonatologia... e deve ficar lá pelo menos uns 2 ou 3 meses!
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O Rúben está internado há 1 semana e eu estou a ficar esgotada.
Felizmente a Dulce Helena emprestou-nos o apartamento dela em Faro e pudemos mudarmo-nos para perto do Hospital ainda durante esta 1ª semana de loucura, se não acho que ia ter um colapso muito em breve. Também têm ajudado, e muito, as avós que têm dado carinho ao Rafael enquanto nós não estamos com ele...
O cansaço é não só físico (não descansei nada depois do parto), mas também e principalmente psicológico. Não quero desleixar o Rafael (de quem estava com imensas saudades devido ao meu internamento de gravidez de risco), mas também quero passar o maior tempo possível com o Rúben porque ele precisa muito de nós... Como não consigo estar em dois sítios ao mesmo tempo tenho que fazer o melhor que posso e aceitar essa limitação o melhor possível.
... Tenho também que manter uma atitude positiva e sem stress para poder ajudar o Rúben... caso contrário, a minha companhia, em vez de lhe fazer bem pode passar a fazer-lhe mal... :(
Até agora tudo tem corrido bem... peguei nele ao colo pela primeira vez no dia 10 e tive-o junto a mim durante mais de uma hora, na posição de canguru, no dia 13... Ele tem mantido o peso e está estável...
Vai correr tudo bem!

Os nossos piratinhas

O Rúben nasceu na terça-feira dia 08/03/2011 (dia da mulher e dia de carnaval), às 05:03, com 1080 g. O nosso pequeno campeão nasceu com 26 semanas e 4 dias de gestação, bem menos do que o mano mais velho que conseguiu completar as 35.
Antes de contar como foi o nascimento deste novo pirata, é justo que primeiro termine a história do que aconteceu com o Rafael... comecei a contá-la no post de dia 24/07/2009 mas nunca a terminei... Vou fazê-lo agora...

As contracções começaram a aumentar rapidamente de frequência e de intensidade. A dor é semelhante à que eu sentia na minha adolescência quando tive episódios muito dolorosos de dismenorreia; como se tratava de uma dor já conhecida não me foi muito difícil suportá-la, embora me tenha feito "deitar fora" todo o jantar que havia comido.
Pelas 23:00 a enfermeira/parteira disse-me quando sentisse necessidade de fazer força para fazê-lo. Pouco depois tive vontade de começar a puxar e foi o que fiz.
Começou aí a pior parte: eu fazia força e via a cabeça do Rafael a começar a aparecer, mas ele não saía.Cortaram-me duas ou três vezes, provocando as piores dores que senti durante o parto.
Começámos então a apercebermo-nos (eu e o Ricardo), na fisionomia dos profissionais presentes, que algo não estava bem... A parteira mandou chamar o obstetra de serviço que ao se aperceber do que estava a acontecer fez cara de poucos amigos, o que me deixou ainda mais preocupada e ansiosa... Entretanto, sempre que surgia uma contracção fazia força e o rapaz continuava a não sair. O médico tentou "ajudar" fazendo pressão sobre a minha barriga e depois, não havendo outra hipótese, decidiu recorrer à ventosa.
A primeira tentativa não funcionou: saiu a ventosa mas o Rafael não. Nessa altura quase que entrei em desespero. Nova tentativa e finalmente o nosso pirata viu a luz da sala de partos... Chorou quase imediatamente o que me deixou mais aliviada. Os pediatras tomaram conta dele e eu só o vi de relance quando o levavam para a neonatologia, onde ficou internado 16 dias (teve alta do dia 06/07/2009).

Agora já está um lindo bebé de 20 meses, com mais de 12 kg... Esperto, brincalhão, monstrinho das bolachas, muito carinhoso, teimosinho quanto baste... o nosso pirata!