19/11/2019

Ponto de não retorno...

... pediram-me para escrever um texto sobre as alterações climáticas para o jornal da terrinha. :) Não é um assunto em que eu seja especializada e obrigou-me a fazer bastante pesquisa.
Na verdade, acabei por não escrever aquilo que realmente penso sobre o assunto, por ser uma perspectiva muito pessimista (embora eu ache que é realista): nós, seres humanos, pudemos e temos de fazer melhor do que o que fizemos até agora, mas estamos só a adiar o inevitável... mais cedo ou mais tarde, vamos esgotar o recursos deste planeta, o que irá levar à extinção da nossa espécie.
O planeta em si fica bem... "Em 50 milhões de anos, os últimos rastros da civilização humana serão as garrafas de plástico e pedaços de vidro, prova da nossa surpreendente capacidade de produzir lixo.
Em mais 50 milhões de anos, porém, até esses resíduos terão desaparecido. Depois disso, sem o impacto da acção do Homem, a natureza tomará novamente conta de tudo. E se, daqui a 300 milhões de anos, surgir uma nova espécie racional, ela nunca saberá de nossa existência."

Fica o texto "optimista" que foi publicado no jornal Entre Margens:

Ainda há muitas pessoas com muitas desconfianças quando ouvem falar em Alterações Climáticas. Há quem não acredite de todo que tais alterações efectivamente existam e lhes chame “fake news”. No entanto, é cada vez mais difícil ignorar que realmente algo se passa com o nosso planeta Terra e que os responsáveis por esse algo somos nós, a espécie humana
As alterações no nosso planeta, para além de visíveis, são registadas de forma metódica e estudadas por cientistas de diversas áreas. Estes são os factos, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM):

  • Nos últimos 22 anos registaram-se os 20 anos mais quentes. 2015, 2016, 2017 e 2018 foram os anos mais quentes alguma vez registados.
  • O degelo e o aumento da temperatura da água têm feito subir o nível médio dos oceanos, roubando terra em vários pontos do globo. Entre 1993 e 2018 o nível médio global da água do mar subiu 85 mm. Cinco pequenas ilhas do Arquipélago das Ilhas Salomão, no Oceano Pacífico, já foram engolidas pelo mar.
  • Desde 1880 até agora, as concentrações de gases de efeito de estufa na atmosfera aumentaram de 290 partes por milhão (ppm) para 405 ppm em 2018.
  • A extensão de gelo no Ártico atinge, habitualmente, o seu mínimo anual no mês de Setembro. Em 2018 correspondeu a cerca de 5.450.000 quilómetros quadrados, aproximadamente 28% abaixo da média. Esta foi a 6ª menor extensão registada num mês de setembro. As 12 menores extensões de setembro ocorreram todos nos 12 anos desde 2007.

A maioria da comunidade cientista concorda que o nosso planeta está à beira do ponto de não retorno. O último relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) veio alertar para o risco de catástrofe se não se conseguirem tomar medidas adequadas para impedir que as temperaturas médias globais subam mais de 1,5°C até ao final do século por comparação às temperaturas da Era pré-industrial. Este relatório, elaborado por 91 cientistas de 40 países, sublinha que este meio grau de diferença em relação aos 2ºC aprovado no Acordo de Paris, possibilitará salvar ou condenar centenas de milhões de pessoas. 
Tecnicamente ainda é possível, no entanto politicamente é cada vez mais difícil no mundo polarizado em que actualmente vivemos. Para tal será necessário que os Estados que ratificaram o Acordo de Paris tripliquem os esforços para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa e, para isso, terá que haver uma grande pressão da opinião pública. Será que estamos disponíveis para fazer essa pressão?
Reduzir também passa por acções simples no nosso dia-a-dia, com as quais todos podemos e devemos contribuir, como reduzir os nossos consumos em geral para baixar a produção de lixo ou andar mais a pé, de bicicleta ou utilizar os transportes públicos. São pequenos grandes contributos que cada um de nós pode e deve dar. 
Não nos devemos esquecer que “Não herdamos a Terra dos nossos pais, pedimo-la emprestada aos nossos filhos”. Respeitemo-la.

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