23/09/2008

"Memória das minhas putas tristes", Gabriel Garcia Marquez

Como nunca tenho tempo para fazer aqui uma pequena reflexão pessoal sobre os livros que leio e como mais tarde me esqueço do essencial da história que li, vou começar a (pelo menos) transcrever as reflexões ou as sinopses de outros sites/blogs. Pretendo pesquisar alguns blogs em busca de uma opinião que se aproxime da minha e só se não encontrar nenhuma que me agrade plagio a sinopse do site da editora do respectivo livro. :-)

Inicío este "Tempo a ler" com o Memória das minhas putas tristes, de Gabriel Garcia Marquez, escrito em 2004 e editado em Portugal em 2005, e que terminei de ler há menos de uma semana. :-)

Era uma vez um velho jornalista que, por ocasião dos seus 90 anos, pretende comemorar essa efeméride indo para a cama com uma virgem. Homem vivido, teve até aos 40 anos tantas mulheres que lhe perdeu a conta na 5ª centena, mulheres a quem sempre pagou para ter sexo. Este homem pretende provar a si mesmo que, mesmo com esta idade, ainda está aí para as curvas, embora o seu aspecto não engane a idade que tem. Contactando uma velha amiga dona de um bordel que ele muito frequentou, solicita uma virgem para essa noite de modo a satisfazer esse capricho. Curiosa a resposta dela: ”ai, meu sábio triste, desapareces vinte anos e só voltas para pedir impossíveis.” (a veia irónica de Marquez). No entanto, essa velha amiga lá lhe consegue arranjar uma jovem de 14 anos, combinando a hora e o local por onde ele deveria entrar sem ser visto no bordel. Aí chegado, muito nervoso, depara-se com uma criança nua a dormir. Deita-se, também nu, junto da rapariga e acaba por adormecer. A partir dessa noite uma estranha relação se inicia entre o personagem narrador e essa menina a quem ele chama de Delgadinha, pois os encontros sucedem-se, mas nunca acontece nada. Ela está sempre a dormir e ele limita-se a acariciá-la e a adormecer ao pé dela. No entanto, este estranho cenário tem o condão de fazer crescer nele afecto. Afecto que ele nunca sentiu por nenhuma mulher, com as quais limitava-se sempre a manter encontros sexuais. Neste caso, e já com 90 anos, acaba por descobrir o amor. Penso que Garcia Marquez tenta abordar duas questões: a sensibilidade e a sexualidade na velhice e... uma outra perspectiva sobre a sexualidade na infância, ou se quisermos, uma perspectiva sobre o amadurecimento humano, até aonde vai a criança e onde começa o adulto. ... Assim, que sentido faz os dois principais personagens terem 90 anos e 14? Saliento que para além nunca haver nada entre eles, Delgadinha encontra-se sempre em estado adormecido e ele apenas a afaga. No entanto e perto do fim, é claro que o amor é reciproco.
Voltando à sexualidade na velhice: o homem tem 90 anos, mas sente-se jovem por dentro. Aparentemente, e ele nunca é claro nesse sentido, o instrumento ainda funciona e mais, acaba de descobrir o amor. Sei que o livro foi e será polémico e propício a várias interpretações. No entanto Marquez descreve algo que é muito normal em todo o mundo: desde sempre que os homens vão às “putas”, simplesmente para ter sexo, há mesmo homens que a única forma de terem sexo é recorrer a essas mulheres. A relação com a menina de 14 é que me deixou pensativo sobre a intenção de Marquez, qual o objectivo dele? É um conto bonito sobre o amor e a alegria de viver. O narrador, sábio pela experiência de vida, desfila recordações da sua vida em diversas idades, tudo servindo para abarcar a possível evolução da sociedade corroída por preconceitos e vícios antigos. No entanto, e é precisamente através dessas lembranças que o narrador se apercebe, que, embora conheça muito do mundo e das mulheres, jamais conheceu o amor. ...

Até àquele dia! O dia do seu nonagésimo aniversário! :-)

Sem comentários: