10/01/2019

Refugiados...

... mais uma artigo de opinião para o jornal de Vila das Aves, o "EntreMargens"... este texto custou, estava sem inspiração, nem sei como é que acabou por ficar tão bem (modéstia à parte)...

Esta é, sem dúvida, a década dos refugiados. 
Sempre existiram multidões em fuga do seu país de origem, milhares e até milhões de pessoas deslocadas temendo pela sua vida, fugindo de situações de guerra e de fome, perseguidas devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política.
O que diferencia esta década é o facto de os refugiados terem começado, em grande escala, a bater à porta dos países “desenvolvidos” da Europa e da América do Norte. Enquanto dantes víamos as notícias sobre deslocações em massa em locais distantes de África e da Ásia, nesta década os noticiários têm estado preenchidos com histórias trágicas de refugiados que chegam à costa da Grécia e de Itália, de barcos, cheios de pessoas, perdidos no meio do Mediterrâneo que nenhum país quer aceitar, de caravanas que caminham com muito sacrifício à procura de um sonho americano.
Na Europa esse fluxo atingiu o seu auge em 2015, com a chegada de mais de um milhão de migrantes e refugiados, na sua maioria provenientes da guerra na Síria. Atualmente esse número caiu drasticamente, tendo apenas entrado no continente Europeu cerca de 45000 migrantes e refugiados até final de junho de 2018.
De acordo a Eurostat, no início de 2017 residiam nos Estados-Membro da UE cerca de 21,6 milhões de pessoas com nacionalidade de um país terceiro. Embora este número pareça elevado representa apenas 4,2 % da população da UE-28. 
É, por isso, muito difícil de fundamentar estatisticamente os receios de uma cada vez maior franja da população europeia em relação aos migrantes e que têm sido usados como uma das alavancas da extrema-direita na Europa. Esses receios nada têm a ver com razões lógicas. São, muitas vezes, baseados em preconceitos há muito enraizados e que foram amplificados pelo facto de a União Europeia não ter encontrado uma solução efetiva para a questão dos migrantes, tendo apenas empurrado esse problema para países vizinhos como a Turquia e a Líbia.
O crescimento da extrema-direita na Europa é preocupante. Não nos podemos esquecer do que isso trouxe no passado. Como eleitores temos que pensar com a cabeça, não nos podemos deixar levar pelo coração. Nestes tempos de tanta volatilidade é essencial que a nossa escolha recaia sobre partidos e políticos que defendam firmemente os valores consagrados no Artigo 1.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”

1 comentário:

CB disse...

Preocupa-me muito a situação da crescente onde de manifestações que se verificam na Europa e digam o que disserem, são poucas as manifestações que hoje em dia não têm a extrema direita a trabalhar por trás, e povo alinha, corre atrás e tem memória curta também. Os migrantes trazem um rótulo que é difícil de tirar, especialmente em países onde a já referida extra direita tem mais força. Não prevejo um futuro brilhante para este nosso velho continente, e confesso ter medo do que aí vem...
Da America do Norte, nem vou falar...

Muito bom texto miga. Parabéns!