Pensamentos...

... trabalhou connosco, durante muito tempo, o João Candeias que fazia colheitas de amostras para o prestador de serviços. O João é uma daquelas pessoas que vive a vida intensamente, com uma alma intensa e vibrante em pensamentos... tantos, tantos pensamentos que sente necessidade de os partilhar com todos os que o rodeiam, aqueles que ele considera amigos... e, com o bom coração que ele tem, esses amigos são muitos.
Começou por nos deixar, todas as manhãs, um pensamento escrito numa folha A4, afixado numa das paredes do laboratório... Depois, quando se decidiu a largar as colheitas e atirar-se à aventura de se tornar patrão de si mesmo, começou a enviar-nos um e-mail diário.
Tem dias em que escreve textos extensos, outros envia-nos apenas pequenas frases... Há dias, também, em que me apetece mergulhar na leitura do que escreveu, outros em que leio na diagonal...
Hoje escreveu-nos o seguinte:

"Por estes dias tenho uma regra da qual não abdico.
 Em primeiro lugar, desligo-me do mundo logo pela manhã quando saio de casa para mais um treino. Agarro aquele nascer do sol que me enche de energia, e salto para fora da minha zona de conforto.
 Aproveito sempre para conversar com um estranho, o primeiro que me apareça pela frente, e fico surpreendido com a quantidade de gente interessante que há por aí. Cada vez mais vou conhecendo o mundo para lá do meu corpo, conhecer o que é novo. O que é sempre novidade.
Solto gargalhadas, por vezes dou comigo a verter lágrimas, e outras vezes tenho mesmo de parar para não me mijar a rir!!!
Mas uma coisa a que já me habituei, é a não ter medo das escolhas que faço. Tenho sempre 50% de hipóteses de darem certo!!!
Um bom dia para vocês!!!
Um bom fim semana..."

Nesta partilha ele aborda um ponto que eu sou muito, muito fraca, e que tenho que fazer um grande esforço para contrariar: conversar com estranhos. Não é que não goste, até gosto, tenho tido conversas muito interessantes com pessoas que não conheço de lado nenhum... mas custa-me a fase inicial de aproximação e começar a conversar. Se vierem ter comigo, falo com muito gosto; se tiver que ser eu a quebrar o gelo, a maior parte das vezes "congelo".

Esta atitude do João, de falar com estranhos, é tão, mas tão importante. Andamos todos dentro das nossas "bolhas" e tudo o que está fora delas é cada vez mais desconhecido e assustador... e, na verdade, para lá da nossa "bolha" estão pessoas como nós, também elas dentro de "bolhas"... se não sairmos da nossa zona de conforto, não podemos partilhar, ser generosos, conviver... e se não partilharmos e não convivermos este mundo será cada vez mais desligado e mais impessoal, e mais cheio de medos... medos que o João não tem...